Sugestões de Maio por Rosa Castro André
28 - abr. - 17
As sugestões de Rosa Castro André para o mês de maio.
Rosa Castro André
Em maio, muito Teatro e muita Música!
Proponho, para além destes dois tipos de oferta, uma visita ao Bairro dos Museus em Cascais. É só escolher um fim de semana. Agora que já começamos a pensar nas férias é aproveitar para visitar vários museus e monumentos históricos em Cascais: a Casa das Histórias Paula Rego, o Museu Condes de Castro Guimarães, o Palácio da Cidadela e muitos outros...
Vários destes monumentos já foram sets de filmagem e existe sempre a possibilidade de dar asas à imaginação e quem sabe sermos transportados para tempos idos…
No Teatro de São Luís, no Jardim de Inverno, recomendo um lanche poético: Poesia-me. Já que haverá muitas palavras com açúcar, sobretudo para quem tem elementos mais novos na família, nomeio: Vias Algum Inconveniente Se Me Assoasse? São textos de Manuel António Pina.
Ainda no Teatro São Luís o espetáculo Júlia, na sala Mário Viegas, parece-me imperdível, não só por ser a partir do texto A menina Júlia de August Strindberg, que como se sabe é um dos mais importantes escritores e dramaturgos de todos os tempos, mas também por contar com uma jovem equipa artística que já nos surpreendeu anteriormente.
No Coliseu de Lisboa, o concerto dos Simple Minds. A banda escocesa apresenta o álbum editado em Novembro: Acoustic.
Pode esperar ouvir velhos êxitos desta banda mas num formato acústico. Se faz parte de um grupo, como eu, que ainda canta de cor e a “plenos pulmões” Don’t you (Forget About Me) e Alive and Kicking, não pode perder.
No TEMPO, Teatro Municipal de Portimão, é apresentado o último álbum de Noiserv que, devo confessar, só conheço há relativamente pouco tempo, desde o seu álbum Almost Visible Orchestra, em 2013, mas que, tendo-me deliciado, estou curiosa para ouvir este novo álbum que é definido pelo autor como “a banda sonora de um filme que ainda não existe, mas que talvez um dia venha a existir”.
E como não escolher Tennessee Williams encenado por Jorge de Silva Melo com os Artistas Unidos? Nunca me arrependi em todas as ocasiões em que assisti a este “casamento”…
Em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite, sobe a palco O Jardim Zoológico de Inverno de Tennessee Williams. Com este autor o drama surge de forma inquietante e complexa, expondo e questionando os conflitos pessoais na sua própria obra.
Em Guimarães, no Centro Cultural Vila Flor, mais especificamente no café concerto, os Hot Air Balloon apresentam o seu novo álbum editado em abril de 2016 e nomeado para The Independent Music Awards: Behind the Walls. Impossível não ficar apaixonado por esta dupla portuguesa e irlandesa e pela sua sonoridade etérea e delicadamente simples...
Em Faro, na sala principal do Teatro Lethes, o espetáculo Liberdades – Vate, tem como objetivo explicar a crianças o significado do 25 de Abril. A partir de textos de José Jorge Letria e António Pina o conceito de Liberdade é questionado e discutido para aqueles que nunca viveram antes do 25 de Abril.
No Teatro Cine Torres Vedras é apresentado Cânticos de Barbearia, musical com textos e direção musical de Carlos Tê e encenação de Luisa Pinto. Tem como tema um cenário imaginário e no mínimo extravagante em que Tony de Matos, dono da barbearia, conhece Lupicínio Rodrigues. Estes dois grandes cantores românticos, português e brasileiro, trocam confidências sobre canções românticas e suas funções... O encontro que na realidade nunca aconteceu, embora tenham cantado nas mesmas salas de espetáculo do Brasil, é também uma crítica à sociedade com figuras improváveis como Bill Evans (famoso pianista e compositor de jazz americano) que surge como ajudante de barbeiro e por Medusa, figura mitológica. Parece-me uma verdadeira mistura explosiva a não perder...
Os Postcards apresentam-se no Cine Teatro Estarreja com um repertório Folk Rock. Para um ouvido desconhecido a sua música relembra o revival de música folk nos anos 90 (quando era habitual ouvir Scarborough Fair de Simon & Garfunkel de um lado para o outro).
Não sendo esta primeira visita, os Postcards prometem uma nova visita a Portugal com um repertório influenciado por nomes tão diferentes como Sigur Rós e Beach House.
José González é um daqueles raros casos onde a impossibilidade de definição do seu estilo de música não incomoda...
Filho de emigrantes argentinos e criado na Suécia, este cantor apresenta a sua música - com uma guitarra latina e harmonia folk - de uma maneira descontraída, como no seu último concerto no Festival NOS Alive onde afinou a sua guitarra no início do espetáculo. Ninguém reclama, o público espera e quando ele toca o público dança.
E indiscutível que Luísa Sobral é um dos grandes nomes da música portuguesa. Com uma carreira já estabelecida na cena musical portuguesa, ela é responsável pela canção Amar pelos Dois que leva o seu irmão (Salvador Sobral) e Portugal ao Festival da Eurovisão este ano. O repertório com influências de jazz já seria razão o suficiente para ir ao seu concerto mas o que suscita mais curiosidade é o timbre da sua voz que na sua diferença diverte e encanta o público com as suas canções.
E por fim, the last but not the least, no Teatro Virgínia, em Torres Vedras, o espetáculo Até Pensei Que Fosse Minha de António Zambujo que tem como base exclusivamente canções de Chico Buarque, especificamente de álbuns do início da sua carreira incluindo a fantástica Ópera do Malandro.
Porquê a escolha?
Porque é uma compilação fantástica de Chico Buarque que foi um artista que me influenciou na minha adolescência, sendo poucas (ou nenhuma mesmo) as letras de Chico que Zambujo canta e que não saberei de cor...
Rosa André