Trindade: um viveiro de criatividade!
02 - jul. - 19
A vida de um dos mais emblemáticos teatros de Lisboa cruza-se com a de um dos mais brilhantes atores e encenadores portugueses. Diogo Infante é o seu Diretor Artístico, que vem contar-nos o que já fez por este Teatro e o que ainda lhe falta fazer.
Diogo Infante, Diretor Artístico
Pode fazer o balanço do primeiro ano como diretor artístico do Teatro da Trindade?
Agora, que já passou mais de um ano, posso afirmar que o saldo é francamente positivo. Em 75 espetáculos apresentados, com cerca de 700 sessões, atingimos mais de 140 mil espectadores, o que representa um crescimento médio de 30%. São números que refletem um esforço conjunto: da Fundação INATEL, proprietária do Trindade e que deu um enorme voto de confiança a este projeto artístico; da equipa do teatro, que acolheu com entusiasmo e dedicação as minhas propostas; dos artistas, cujo talento tem alimentado a vontade de fazermos cada vez mais e melhor; e do apoio de alguns parceiros como a Associação Mutualista Montepio e o Grupo Media Capital.
Como se sentiu ao regressar ao palco onde se estreou há 27 anos?
Muito bem, com grande satisfação, como quem regressa a um local onde esteve quando era pequeno e cuja memória é muito agradável. Foi na Sala Estúdio que me estreei como encenador, uma oportunidade determinante no meu trajeto. Agora, com esta nova responsabilidade, procuro proporcionar essa mesma oportunidade a outros jovens, criadores e atores.
Quais as maiores dificuldades que sentiu ao entrar neste projeto?
Por um lado, passar a mensagem da mudança de paradigma da programação do Teatro da Trindade INATEL, pela aposta em coproduções e produções próprias e pela apresentação de espetáculos de teatro com carreiras de longa duração; por outro, fazer com que o meio artístico encarasse essa mudança de forma construtiva, visto ser possível, como se tem verificado, contribuir para um teatro "mainstream" de qualidade, capaz de atrair novas correntes de público e de as fidelizar.
Introduziu alterações, como os espetáculos começarem 30 minutos mais cedo, ou o dia do espectador à quarta-feira. Quais os resultados?
Muito eficazes. A verdade é que acompanham uma tendência generalizada de outros teatros. O público prefere este horário, porque tem mais opções de transportes e chega mais cedo a casa. O dia do espectador, à quarta-feira, representa um desconto significativo no preço do bilhete, permitindo que aqueles que têm menos poder de compra, possam também desfrutar dos nossos espetáculos. A procura para estas sessões tem sido grande e são as primeiras a encher.
Como descreveria a recetividade do público aos espetáculos do Trindade?
O mais importante é o grau de satisfação do público e temos sentido que há nos espectadores uma vontade de voltar. Como qualquer empresa que presta um serviço, um dos nossos objetivos é a fidelização do nosso público, pelo que o seu feedback é fundamental. Estamos, por isso, empenhados em conquistar a sua confiança, quer através dos conteúdos, quer pela melhoria e adequação dos serviços que prestamos.
Queremos que os nossos espectadores voltem ao Trindade, com a certeza de que vão ter uma boa experiência e assistir a um bom espetáculo.
Quais as suas expectativas para o futuro enquanto diretor artístico do Trindade?
Para já, honrar o meu contrato. Alinhar, para os restantes dois anos, uma programação ambiciosa e consequente, que reflita os tempos e as inquietações que vivemos. Desejo que o Trindade seja um viveiro de criatividade e um polo incontornável de oferta teatral na cidade, um espaço reconhecido pela sua beleza arquitetónica, mas também pela dinâmica que imprime na vida dos lisboetas e de todos aqueles que nos visitam. É para isso que estamos a trabalhar afincada e apaixonadamente. Depois, logo se verá.
Diogo Infante
Diretor Artístico