Promotor Aderente do Mês
24 - ene. - 13
António Villas-Boas… O indivíduo por detrás do Festival Portugal Ao Vivo e Festival Panda confessa que o mercado dos espectáculos foi sempre imune à crise da indústria discográfica...
António Villas-Boas - Lemon
Pode apresentar-nos a Lemon?
AVB: A Lemon resulta da junção da União Lisboa com a Regiespectáculo (que inicialmente se chamou Grupo Reunião). Ao longo de já quase 25 anos, estas empresas representaram e geriram as carreiras de grande parte dos músicos Portugueses. Em 2005 a Lemon decide investir fortemente no mercado infantil e tornou-se na referência neste segmento a nível não apenas Nacional, mas também com uma posição de mercado muito forte em Espanha. O passo seguinte foi a Alemanha, Angola e Cabo Verde e mais recentemente o Egipto e o Líbano. Somos das poucas empresas Mundiais que concebem os seus próprios espectáculos, incluindo o guião, criação de músicas, fabrico de adereços, coreografias e encenação. Tudo isto, sempre com equipas Portuguesas e actores Portugueses.
Qual é o seu gosto musical?
AVB: Gosto de muita música. Cresci a ouvir Marillion e Pink Floyd (por causa dos meus irmãos mais velhos) e depois descobri a música Portuguesa com os Resistência, Madredeus, Xutos & Pontapés, Sétima Legião, Delfins…
Porquê o Festival Portugal Ao Vivo 20 anos depois?
AVB: Porque cada vez mais temos de acreditar e defender aquilo que é nosso, só assim podemos crescer. O Portugal ao Vivo é um Festival com Bandas Portuguesas, feito por uma empresa Portuguesa, com equipamentos técnicos e palcos de empresas Portuguesas.
Qual foi a banda que lhe deu mais gozo trazer ao Festival Panda e que ainda lhe vai dar no caso do Portugal Ao Vivo? Houve alguma que tenha sido uma insistência pessoal?
AVB: (não posso responder relativamente ao Festival Panda, não contratamos bandas). Nenhuma banda foi uma insistência pessoal, a escolha das bandas foi feita pela UGURU, a quem pedimos esse apoio. É um alinhamento artístico muito forte e que representa o que de melhor se fez, e faz, na música Portuguesa.
Os negócios da indústria musical mudaram radicalmente. A crise profunda das vendas de discos acabou por facilitar o vosso trabalho de promotores de concertos? Os músicos precisam de tocar, isso dá-vos mais margem de manobra?
AVB: Os músicos sempre precisaram de tocar, é esse o seu trabalho e a sua maior paixão, penso que estou bastante à vontade para falar deste assunto pois já estive dos dois lados do negócio. As vendas discográficas são um apoio importante à divulgação de um Artista mas em Portugal, nunca foram a sua grande fonte de receitas. Existem no entanto menos concertos devido à crise financeira nas Câmaras Municipais, o maior cliente da Música Portuguesa nas últimas duas décadas.
Como é que se define um cartaz como o dos dois Festivais Panda e Portugal Ao Vivo? Com que antecedência se começa, até quando há margem para alterações?
AVB: O cartaz do Festival Panda é acordado entre o Canal Panda e a Lemon, destacando anualmente algumas das personagens do Canal e procurando um equilíbrio de conteúdos. É importante conseguirmos que os grandes heróis dos mais pequenos façam parte do seu Festival.
O cartaz do Portugal ao Vivo tem nesta edição duas premissas importantes: Numa das noites, replicar ao máximo o cartaz do Portugal ao Vivo original, que se realizou a 26 de Junho de 1993 no Estádio de Alvalade. Na outra noite, dar espaço a Artistas que se destacaram na geração seguinte de música Portuguesa.
São as próprias bandas que se propõem para determinado festival?
AVB: No nosso caso não foi assim, fomos nós (neste caso a UGURU) que contactámos os Artistas.
Podemos dizer que o mercado dos concertos tem estado relativamente imune à crise da indústria discográfica?
AVB: O mercado dos espectáculos foi sempre imune à crise da indústria discográfica, o consumo de música não diminuiu apenas mudou os seus formatos e foi fortemente condicionado pela cópia ilegal. Não se pode no entanto copiar o espectáculo ao vivo.
O perfil do publico dos Festivais é decidido nos gabinetes?
AVB: O perfil do público dos Festivais é decidido acima de tudo pelo seu cartaz.
Como caracterizam os publico dos dois Festivais Portugal Ao Vivo e Panda?
AVB: O público do Festival Panda é sem dúvida todas as famílias com crianças de 1 a 8 anos. O público do Portugal ao Vivo será bastante abrangente e contamos com pessoas de todas as idades que gostem de música Portuguesa e acreditem que Portugal tem futuro. Queremos que este Festival seja um manifesto positivo da nossa cultura e capacidade.
Qual é a maior dificuldade na realização de um evento desta envergadura?
AVB: Conseguir que o marketing faça chegar uma mensagem correcta do que é o evento ao maior número de pessoas possível. Em termos técnicos os Festivais apesar de terem números muito grandes e muita gente a trabalhar já não são novidade para os promotores Portugueses. Temos cá muitas pessoas muito boas em quase todas as áreas.
Estes dois Festivais têm alguma estratégia de internacionalização? É uma prioridade?
AVB: O Festival Panda poderá vir a sair de Portugal com a conquista de novos mercados pelo Canal Panda, já o Portugal ao Vivo dificilmente o poderá fazer.
Qual o investimento da Lemon este ano nos Festivais de Verão?
AVB: Vamos investir bastante…
E ao nível de concertos em salas? O que poderemos esperar da Lemon este ano?
AVB: Todos os anos fazemos bastantes espectáculos pelas salas Portuguesas. Em breve vão ser anunciadas novas tours.